quarta-feira, 25 de março de 2009

Fazer 26

Agora vinte e seis. Não mais vinte e cinco e nem ainda vinte e sete. Vinte e seis. E o que isso muda? Na prática, nada. Continuo cheia de acnes (que deveriam ter sido abandonadas na adolescência). Ao mesmo tempo, estou mais madura (mas isso não aconteceu de ontem para hoje).
Há quem diga que 26 está mais para 30 do que para 20. Pode ser (até acho que é mesmo), mas qual é o mal nisso? Não dizem que a vida começa aos 40? Falta muito ainda! Fazer um balanço dos meus 26 anos é impossível. Talvez eu pudesse eleger os últimos dez anos para comentar qualquer coisa... Ainda assim seria difícil. Eu deixaria escapar muita coisa. Então, não vou eleger um tempo certo. Elejo os momentos mais marcantes, os que fizeram de mim o que sou hoje - ou quase isso.
Nasci num 25 de março de 1983. Era uma sexta-feira. Nasci às 20:50. Não fui uma bebê planejada. Mas, nem por isso, menos querida.
O evento mais antigo de que tenho lembrança foi a chegada da minha prima mais nova, Cássia. Lembro-me perfeitamente de minha mãe querendo pegá-la no dia em que ela veio do hospital. Eu olhava para cima, cheia de curiosidade querendo ver a neném. Eu contava com 3 anos. Era o início de uma grande amizade.
Lembro-me também de assistir desenhos na cama dos meus pais com as minhas irmãs e de como eu chorei na primeira vez em que vi "Patinho Feio". Minha mãe, naquele dia, ficou bravíssima achando que minhas irmãs tivessem feito qualquer coisa para que eu chorasse. Mas me lembro bem que o motivo do choro era a rejeição que o Patinho sofria.
E as viagens com a família? Sempre adorei! Lembro da vez em que fomos ao Paraná visitar os parentes e aproveitamos para irmos às Cataratas do Iguaçú. Eu tinha 5 anos na época. Mas algumas coisas eu me lembro com perfeição. Como, por exemplo, destruir os barrancos de plantação de arroz do tio Armindo porque eu teimava em escorregar alí com minhas irmãs. Ou do patinho que tinha na casa de uma das tias (que por sinal também tinha um bar com um balcão repleto de doces!).
Lembro do lugar que eu me sentava à mesa e do qual precisei ser removida porque sempre prendia o dedo entre a cadeira e a parede. Ou de quando ia comer alguma coisa e enfiava o alimento e os dedos na boca, ignorava o alimento e mordia os dedos... hahaha. Sempre chorava muito. Na época eu não achava isso engraçado.
Lembro quando entrei na escola. Lembro de muitos dos meus amigos. Aliás, lembro nome e sobrenome. Acho que, na época, não tinha muita coisa para ocupar a cabeça, então eu devia ficar decorando os nomes... não sei... Só sei que sei nome e sobrenome de gente que não vejo à muito tempo, que não sei o que fazem da vida...
Escrevendo isso agora, lembrei do primeiro presente que ganhei de dia dos namorados... Eu tinha 8 anos. Ganhei do Eduardo que estudava comigo na segunda série, mas ele não era o meu namorado. Ele me deu um cisne e um sapatinho de gesso, além de uma cartinha. Tenho tudo guardado até hoje. Ele deixou o pacote de presente escondido embaixo do meu caderno. Foi uma surpresa que, mesmo eu fingindo o contrário, adorei!
Lembro-me das paixonites do início de adolescência. Fortes, catastróficas e tremendamente passageiras. Que bom! Do primeiro beijo, do namoro que começou quando eu tinha 13 anos e terminou seis meses depois de eu completar 25.
E, nisso, dei um grande pulo no meu relato... só para dizer que tudo o que aconteceu foi muito importante para fazer de mim o que sou hoje, mas que a grande mudança aconteceu depois disso tudo. Não vou reescrever tudo o que me fez repensar a vida porque tudo isso já está escrito neste blog (minha válvula de escape), que começou junto com todas as reviravoltas.
Penso que basta dizer que estou a cada dia mais feliz! Mais madura, mais mulher, mais decidida e menos chata - acreditem, é verdade!!! As pequenas coisas se tornaram, de fato, pequenas e eu não dou mais importância a elas. Ou, no máximo, dou a importância que elas merecem. O que mais importa para mim, hoje, é a presença dos meus amigos (que estão mais numerosos a cada dia que passa) e da minha família. Valorizo cada minuto com eles.
Acho que, as vezes, é necessário parar e fazer esse movimento retroativo: revirar o baú das lembranças e jogar fora aquilo que não serve mais para, aí sim, seguir em frente. Tenho feito isso ha alguns meses. E estou com muito espaço no meu baú para os novos acontecimentos. Quais serão eles? Não faço a menor idéia e nem quero descobrir. Gosto do que eu não sei.
Agora vinte e seis. Ainda bem!

segunda-feira, 9 de março de 2009

Au revoir Canada!

Se eu pudesse escolher uma única palavra para definir meus últimos 40 dias, minha viagem ao Canadá, eu diria que eles foram INESQUECÍVEIS. No post "Fazendo a lição de casa...", de 26 de janeiro, eu disse que adorei os preparativos para esta viagem, o que é a mais pura verdade. Por incrível que pareça (e, acredite, parece realmente incrível) não fiquei eufórica, não fiquei aflita... Vivi como se nada de diferente fosse acontecer. Claro que eu falava muito da viagem - afinal eu estava feliz - mas nem um pouco ansiosa. Deixei acontecer uma coisa de cada vez. Não posso dizer o mesmo da volta... Quero dizer, não estou com vontade de fazer as malas, não estou com vontade de voltar. Percebi que as pessoas que amo me fazem falta mas que não importa o quão longe eu esteja, posso, ao mesmo tempo, carregá-las no meu coração e na minha cabeça. Que eu não preciso estar aqui ou ali para ser feliz. Que conhecer lugares novos, ainda que com temperaturas negativas, é maravilhoso. E que fazer amigos que não têm idéia do que eu falo quando falo minha língua marterna, também é ótimo!
Experimentar pratos novos, deixar subir o peso na balança sem aumentar o peso da consciência também é muito bom (afinal para que se preocupar? São só 45 dias!). Provei putine e queue de castor (sem dúvida feijoada e brigadeiro são muito melhores!!!). Aproveitei o máximo que pude! Saí todos os finais de semana e alguns dias da semana também! Frequentei museus, clubs, bares. Visitei exposições e festivais (três, em três cidades diferentes). Conheci outras cidades, outra província... Aluguei um carro (uma van tipo a do Scooby Doo, hahaha) e, com mais 7 amigos explorei um pouco da província de Québec. Fiz snowtubing. Ri até chorar! Ri das piadas com os amigos, e dos meus falsos passos na língua francesa.
Por falar em amigos, fiz ótimas amizades!!! As irmãs colombianas Andrea e Camila têm um lugar especial no meu coração: companheiras de estudo, de papo furado, de balada... Incrível como podíamos nos entender só com o olhar... Como se nos conhecêssemos há muito tempo! Foi para elas que ensinei todas as besteiras que posso imaginar em português... hahahaha. Foi tudo muito engraçado! Outra surpresa agradável: nunca imaginei, na minha vida, ter amizade com um turco! Dá pra crer? E, ainda por cima, é o homem mais gentil que eu já conheci! Ainda tem os amigos venezuelanos, mexicanos, peruanos, chilenos, tailandeses, bosnianos, canadenses, japoneses, coreanos e, como não podia deixar de ser, brasileiros -sim, eles estão em todos os lugares do mundo!!!
E meus professores, então??? MARAVILHOSOS. O melhor deles: Sofiane! Nascido na Argélia, um país do norte da África, é médico (na França) e professor de francês (no Canadá). É divertidíssimo! Não sossega enquanto não tem certeza de que todos os alunos entenderam determinada expressão... Tem inúmeros exemplos "guardados na manga". É a simpatia em pessoa! É quem eu não consigo imaginar de mal humor... Tem sempre um sorriso no rosto, até para quem está sempre "de cara amarrada". E eu o adoro ainda que ele ria de mim quando eu digo hot dog, Brad Pitt, out let, leite quente e red bull.
Esta foi, sem sombra de dúvidas, a melhor experiência que já tive. É uma pena que está acabando! Dá um aperto no coração só de pensar! Queria ficar mais ou, ao menos, levar algumas pessoas daqui comigo. Como não é possível, fico menos triste ao saber que existe telefone, e-mail, MSN, facebook...
Ainda que eu, nesta viagem, tivesse como objetivo estudar a língua francesa, o maior aprendizado aqui não foi lingüístico (embora eu esteja ainda mais apaixonada pelo idioma...). A grande lição foi que eu percebi que o mundo é pequeno para quem sonha grande... e que nada mais parece ser difícil.