quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Respostas incongruentes às questões existenciais

Sou esboço em aquarela que se transforma com lágrimas
Sou louça fina cuja beirada é trincada
Sou passo firme, mas sei ser suave
Sou brilho nos olhos
Sou silêncio latente
E barulho irritante
Sou previsivelmente inconstante
Sou colcha de retalhos fortemente alinhavados
Sou cabelos desgrenhados
E textos não acabados
Sou onda que encobre
Tecido que encolhe
Verdade que se escolhe
Sou abraço que aquece
Beijo que enternece
Finitude que entristece
Sou pequena se olhada de cima
Sou grande se olhada de baixo
Então me olhe de frente, porque não sou mais e nem menos que você
E as palavras que você não disse eram exatamente as que eu precisava escutar
E quem vai dizer o contrário?

Recomendações de uma jovem de 25 anos (para ela mesma e para quem mais interessar)

Viva ao máximo, fazendo todas aquelas coisas que não se permitia fazer por vergonha, medo de críticas e julgamentos, ou para agradar os outros. Não perca mais seu bom e precioso tempo implicando com as coisas que julga erradas nos outros nem busque reconhecimento nos outros. Viva para si. Usufrua a sua vida de agora em diante fazendo as coisas que são importantes para si e sendo o mais feliz que conseguir. Trate-se bem!

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Tão feliz, tão feliz, tão feliz!!!

Hoje eu tomei uma decisão muito importante! Uma decisão que afetará minha vida em todos os aspectos. Isso mesmo. TODOS! Uma decisão que devolveu o brilho aos meus olhos e que fez meu coração bater um pouco mais acelerado. Quem pensou em um novo namorado, errou! E errou feio! Penso que agora, na minha vida, não há espaço pra mais ninguém além de mim mesma. E acho que eu nunca estive tão feliz! Feliz, assim, de perder o sono, de perder a fome! Feliz de querer escrever, escrever, escrever e não parar mais! Mas, não se preocupem... não pretendo cansar os olhos de vocês com tantas palavras! Pelo menos não de uma vez só (rsrs)!
Vou contar o motivo da minha felicidade: decidi que, em julho do próximo ano (isso se tudo der certo... Pensamento positivo, por favor!!!), farei um curso super intensivo de francês em Montreal, Canadá. E, quando eu chegar de lá, trocarei as malas e rumarei a Strasbourg, na França, onde cursarei 6 meses de doutorado com um professor que é "O PROFESSOR"! Chama-se Gérard Pomier, é psiquiatra e psicanalista. Isso quer dizer que, se eu não voltar em fevereiro/março de 2010, procurem-me nos hospícios franceses... Ai que horror! kkkkk!
Como já disse, nunca estive tão feliz, tão cheia de planos... Mas, ao mesmo tempo, tão aflita! Isso é tão paradoxal, não? Quer dizer, é um acontecimento maravilhoso, oportunidade única! Mas vou deixar tudo pra trás: Família, amigos, pacientes... E quando eu voltar? Começar do zero? Deve ser muito estranho! Mas, enfim, penso que vale a pena arriscar! Voltarei com uma bagagem ímpar (e não estou falando das malas)!
Torçam por mim!

domingo, 16 de novembro de 2008

Amor, Pathos e cisnes...

Como todos aqui sabem (se não forem todos, ao menos a grande maioria sabe) sou uma lingüista e, como tal, apaixonada pelas palavras. Gosto de saber a etimologia e significado das mais variadas palavras, mas, principalmente, daquelas que usamos no dia-a-dia, sem refletirmos sobre seu significado.
Hoje eu fiquei com vontade de estudar um pouquinho a palavra amor.

Amor é um substantivo masculino que vem do latim amor e, na nossa língua, pode ter inúmeros significados. O dicionário de língua portuguesa Aurélio nos oferece mais de 10 significados para amor. Dois deles me chamam a atenção e são, em certa medida, opostos. Um diz de um "sentimento que predispõe alguém a desejar o bem de outrem, ou de alguma coisa". O outro diz "paixão". O primeiro significado parece ser bem esclarecedor... E aí descubro que o que eu acho que é "gostar" é, na verdade, "amar". E penso, então, que amo um montão de gente!
Agora, em relação ao segundo significado, a "paixão", acabo ficando um pouco confusa. Amor não pode ser igual a paixão. Alguém aí já se perguntou o significado de paixão? Já foi ao dicionário etimológico para saber de onde vem essa palavra? Imagino que não... imagino que a única doida que faz isso por aqui sou eu. Então vamos lá: parece não haver um consenso sobre a origem da palavra paixão. Uns dizem que ela veio do latim passione. Outros, que veio do grego pathos. Qualquer que seja sua origem, fica claro que a paixão não é lá um sentimento muito nobre. Passione significa sofrimento. Pathos significa doença.
Amor = sofrimento??? Amor = doença??? Estranho pensar isso, não? Não quero dizer que quem ama, de verdade, não sofra. Sofre sim! Mas não acho que isso esteja relacionado ao amor. Nós podemos sofrer por não sermos correspondidos no amor. Mas penso que esse sofrimento está muito mais ligado ao nosso egocentrismo do que ao amor de fato.
Amor não traz sofrimento. O amor se apresenta como um doce habitante do coração, da alma. Se não é assim, o sentimento pode receber qualquer nome, menos amor!

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Sobre a solidão

Eventualmente almoço em um restaurante de Perdizes, ao lado da PUC-SP. Na época da minha graduação, almoçava lá diariamente (não porque era um bom restaurante, mas porque era o que o meu dinheiro podia pagar... rsrs). E, desde aquela época, encontro por lá um casal de idosos. Ou seja, há, no mínimo, sete anos eles almoçam ali diariamente (ou quase diariamente).
É um casal muito peculiar. Ele, de cabelos brancos, sobrancelhas escuras, cara de poucos amigos. Veste camisa xadrez, calça jeans e tênis. Ela, também de cabelos brancos, usa um corte ao estilo Chanel, colar de pérolas, vestido florido e muita maquiagem. Eles sempre estão lá, comendo, quando eu chego e continuam lá, ainda comendo, quando eu vou embora (sim, eles comem bastante e, sim, eu como rápido demais! rsrs). Poderiam passar despercebidos, afinal de contas muitos idosos moram em Perdizes... Não é incomum vê-los por ali. Mas este casal chama atenção. Durante o tempo em que eu permaneço ali, não os vejo trocar uma única palavra. Nadinha. Ele olha insistentemente para as jovens que passam. Ela olha insistentemente para o prato de comida. E assim segue o almoço. Um indiferente ao outro. Há sete anos.
Penso que não existe pior solidão que essa: a solidão em que não se está só - a solidão a dois.
Será que, algum dia, esse casal já utilizou o horário em que se sentam à mesa para dividir os problemas e compartilhar as soluções? Será que eles já foram felizes? Será que eles se amaram de verdade? Quando será que foi a última vez em que eles fizeram amor? Que mais será que eles têm em comum além do horário de almoço?
Eu não quero envelhecer como eles. Quero encontrar alguém que me ame de verdade, que consiga olhar pra mesma direção que eu, que faça dos "meus sonhos" os "nossos sonhos" (e que o inverso seja verdadeiro). Alguém que saiba me tocar com ternura e que, ao sentar comigo à mesa me conte como foi o seu dia, me diga dos seus problemas e espera, sinceramente, que eu tenha palavras de conforto quando as notícias não forem boas, ou palavras de encorajamento quando o que disser vier com entusiasmo! Alguém que também queira, verdadeiramente, saber do meu dia! Ou, ainda, alguém que nem sempre necessite das palavras... Alguém que vai me dizer o que está acontecendo só com o olhar... Alguém que vai se sentir querido com o olhar que eu lhe dirigir. Alguém que queira envelhecer ao meu lado, compartilhando as conquistas e também as muitas "passadas de pernas" que a vida dá. Alguém que não seja perfeito, mas que o seja para mim. Quero encontrar alguém com quem eu tenha muito mais em comum do que uma simples relação amorosa.
Não que uma "simples relação amorosa" (se é que alguma relação - amorosa ou não - possa ser simples) seja ruim. Mas não é o suficiente. E digo isso de forma bastante tranquila, porque já vivi um relacionamento assim.
Quero alguém que, mesmo quando estivermos com nossos cabelos brancos, me convide pra ir ao cinema, pra ir tomar um sorvete ou andar de mãos dadas no shopping. Ou tudo isso junto. Mas, se isso não for possível, eu prefiro ficar sozinha. Porque a solidão é muito mais fácil de ser suportada quando se está só!

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Eu queria...

Eu queria ter tido menos juizo
Queria não ter feito muitas coisas que fiz
E fazer outras tantas que não fiz
Queria não ter falado pelo menos metade das coisas que falei
Queria ter escutado mais
Queria ter chupado mais sorvete no inverno
Ter tomado mais chuva
Ter andado descalça
Ter esquecido a blusa em casa
Eu queria ter viajado mais
Ter beijado mais
Namorado mais
E brigado menos
Eu queria ter seguido menos conselhos
Queria ter burlado mais as regras
Queria ter gasto todo meu salário em sapatos
E pedido dinheiro emprestado pra pagar outras contas
Queria ter bola de cristal
Queria mandar no meu coração
Queria sair sem dar satisfação
E, se possível, não voltar mais!

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Pecado do desejo

Não é segredo que eu adoro as músicas da Carla Bruni. Quer dizer, não a considero uma boa cantora (ela não tem a menor extensão vocal... melhor dizendo, sua extensão vocal é restrita) e as músicas, as vezes, podem dar... sono! Mas as letras são, na minha opinião, geniais! Ou, talvez, não sejam, mas eu me identifico muito com elas!
Assim, decidi postar a letra de uma das músicas do novo CD da Carla "Comme si de rien n'etait" (Como se nada tivesse acontecido). Como sei que a maioria dos meus leitores não lêem a lingua francesa, segue também a tradução (que, talvez, não seja lá muito fiel à letra original, já que fui eu mesma quem traduziu... rsrs). Alguns saberão bem porque escolhi esta letra e não outra. Mas, para todos, vai um conselho (conselho que dou a mim mesma, inclusive): se tiver vontade, faça! É isso!


Péché D´envie
Pecado do desejo

C'est que j'ai envie d'avoir fait
É o que eu desejava ter feito
Envie d'avoir dit
Desejava ter dito
C'est que j'ai envie d'avoir été
É o que eu desejava ter sido
Envie d'avoir compris
Desejava ter entendido
C'est que j'ai envie d'avoir croqué, d'avoir brûlé
É o que eu desejava ter mastigado, ter queimado
D'avoir glissé
Ter deslizado
C'est que j'ai envie d'avoir chéri
É o que eu desejava ter adorado
Et que le diable me pardonne toutes mes belles envies
E que o diabo me perdoe todos os meus belos desejos

C'est que j'ai envie d'avoir vu
É o que eu desejava ter visto
Et d'avoir frémi
E ter tremido
C'est que j'ai envie d'avoir connu
É o que eu desejava ter conhecido
Envie d'avoir conquis
Desejava ter conquistado
C'est que j'ai envie d'avoir creusé, d'avoir ramé,
É o que eu desejava ter cavado, ter remado
d'avoir tout eu, et envie d'avoir tout perdu
ter tido tudo, e desejado ter tudo perdido
Et que le diable me pardonne ces envies saugrenues
E que o diabo me perdoe esses desejos absurdos

Mais le temps me plie m'enlise
Porém o tempo me dobra e me afunda
Je m'y brise les dents c'est lui le gagnant
Eu me quebro os dentes é ele quem ganha

Alors j'ai envie d'avoir goûté
Então eu desejava ter provado
D'avoir entendu
Ter ouvido
Alors j'ai envie d'avoir dansé Canciones de Carla Bruni
Então eu desejava ter dançado Canções de Carla Bruni
D'avoir touché les nues
Ter tocado as nuvens
Alors j'ai envie d'avoir prié d'avoir desiré dévoré
Então eu desejava ter implorado ter desejado devorado
Je veux avoir chanté et bu
Eu queria ter cantado e bebido
Et que le diable me pardonne ces envies sans retenue
E que o diabo me perdoe esses desejos irrestritos

Mais le temps m'embarque il me nargue
Porém o tempo me embarca e zomba de mim
Il m'emporte sûrement et doucement le temps
Ele me tira seguramente e docemente o tempo

Alors j'ai envie d'avoir aimé
Então eu desejava ter amado
D'avoir adoré
Ter adorado
Alors j'ai envie d'avoir maudit
Então eu desejava ter amaldiçoado
Et d'avoir détesté
E ter odiado
Alors j'ai envie d'avoir voulu d'avoir mordu
Então eu desejava ter tido vontade de morder
D'avoir crié d'avoir soupiré et griffé
Ter gritado, ter suspirado e arranhado
Et que le bon dieu me pardonne ces quelques doux péchés
E que o bom Deus me perdoe estes doces pecados
Et que le bon dieu me pardonne
E que o bom Deus me perdoe
Et que le diable me pardonne
E que o diabo me perdoe
Que le bon dieu me pardonne
Que o bom Deus me perdoe
Que le diable me pardonne.
Que o diabo me perdoe.

domingo, 2 de novembro de 2008

Sobre o que eu sou (e o que eu pretendo ser)

Aprendi, ao longo da minha formação, que não é certo definir qualquer coisa pela sua negativa. Mas vou iniciar o "sobre o que eu sou" lançando mão da negação, i.e., falando sobre o que eu não sou (porque não sei ser) e nem pretendo ser.
Eu não sou metade. Explico melhor, utilizando, agora, a afirmação: sou intensa, excessiva. Talvez isso não seja uma qualidade e, talvez, nem um defeito... é assim que eu sou.
Não sei ser meio amiga. Ou sou amiga pra valer, daquelas que se pode contar pra qualquer coisa, ou não sou amiga... talvez colega, conhecida, ou nem isso!
Não sei gostar um pouco. Ou gosto muito ou não gosto!
Não sei querer pouco. Quero muito. Quero tudo! Ou não quero nada. E, quando quero, não meço esforços para conseguir. E, quando não quero, não há o que me faça mudar de idéia.
Também não sei fazer as coisas pela metade. Quando aceito um desafio, vou até o fim e dou o melhor de mim! Se eu achar que não serei capaz de me doar totalmente, então eu não aceito o desafio.
Sou também egoísta. Não faço nada pensando no outro. Tudo o que faço é pensando em mim mesma. Se vai agradar outra pessoa, melhor! Se desagradar, problema dela!!! Tudo o que quero é estar bem comigo mesma! Às vezes faço algumas coisas pensando em agradar outros... Mas sei que o prazer que terei em ver o outro feliz vai ser tão intenso que acabo achando que fiz para agradar a mim mesma!
Bem... e o que eu pretendo ser? Pretendo continuar assim... Gosto de ser intensa! Gosto de ser excessiva! Gosto de ser egoísta! Gosto de gostar de mim!