Ultimamente tenho ouvido com certa freqüência, e de diferentes pessoas, que eu escrevo bem. De maneira muito peculiar, esse é um elogio que me deixa feliz. Sim, porque, convenhamos, na nossa cultura o valor que é dado à escrita está muito aquém do valor que se dá à bunda (com o perdão da palavra) ...
Penso que no último post toquei na questão da escrita quando esclareci o sabor que as palavras têm para mim. É claro que não me referia só a escrita, mas ela, particularmente, me atrai. Engraçado... quando estava estudando para me formar fonoaudióloga ouvi duras críticas à cartilha "Caminho Suave" (que utilizei na pré-escola) e outras cartilhas; críticas que apontavam para a falha da criança na alfabetização por meio dos métodos tradicionais, ou melhor, críticas que apontavam para a falha dos métodos tradicionais na alfabetização da criança. Embora tenha dito que utilizei a cartilha Caminho Suave não foi com ela que me alfabetizei e garanto que não tive qualquer problema na aquisição da linguagem escrita, ainda que esta tenha ocorrido exatamente pelo modo tradicional. Mas imagino ter uma explicação para isso. Quer dizer, nem toda criança alfabetizada pelo método tradicional vai ter problemas de escrita (aliás, conheço muitas que não tiveram...), mas eu diria que eu tenho um vínculo afetivo muito maior e a escrita é tão importante para mim porque quem me ensinou a ler é uma pessoa muito mais que especial! Uma pessoa 54 anos mais velha que eu. Uma pessoa que, sequer, pôde estudar muito além do nível de alfabetização... Falo da minha avó!
Dona Ana, casada com o Sr. Uilter... Teve três filhos e, do modo que pôde, ensinou-lhes a ler. Guardou a cartilha (que imagino ter sido comprada com certo esforço) quando os filhos já estavam alfabetizados. Os filhos cresceram, estudaram, formaram-se, casaram-se e aí vieram os netos... uma "escadinha": a primeira em 1978, a segunda em 1979, a terceira em 1980, o quarto em 1981, a quinta (eu) em 1983 e a sexta em 1986. Todos (ou quase todos), alfabetizados pela mesma cartilha com que os pais tinham aprendido a ler... todos (ou quase), alfabetizados pela mesma mulher de pouco estudo... Olha que especial! Quer vínculo mais forte do que esse? Quer relação mais especial do que esta? Fico pensando como ela deve se sentir vendo o rumo que a vida dos filhos e agora a dos netos tomou (e está tomando)... Quer dizer, não sei se ela pensa nisso ou se ela tem essa noção, mas acredito que ela é a grande responsável pela paixão que eu tenho pelas palavras.
E, então, às vezes eu me pergunto, por que eu escrevo? Será que é para extravasar toda essa paixão? Eu diria que é muito mais do que isso... Quando falamos, muitas vezes, a palavra se perde... E isso pode ser por muitos motivos, mas penso que o principal é porque as pessoas não sabem escutar (vejam bem, eu disse escutar, e não ouvir). Acho que é por isso que presto tanta atenção ao que os outros me dizem, mesmo que seja uma coisa banal (quer dizer, se foi dito é porque, para quem disse, não é tão banal assim...). Mas, se isso acontece com a fala, o mesmo eu não posso dizer da escrita! O escrito é eterno! Olha que profundo isso, não? "O escrito é eterno".
Quer dizer, tudo muda, inclusive a convicção do escritor sobre o que já escreveu, mas o escrito continua lá, confirmando o dito ou apontando um equívoco.
Bem, então, por que eu escrevo? Penso que escrevo porque escrever me faz ser alguém, me faz mais humana. Escrevo porque a escrita me livra daquilo que me oprime, daquilo que é difícil, daquilo que não cabe mais em mim.
Mas, escrever tem certas regras (muitas, eu diria)... Estou tentando não seguir mais todas as regras. Estou tentando dar um pouco mais de emoção à minha vida. E, por isso, esse post não terminará com um ponto. Não quero obedecer esta regra. Ele vai terminar com uma vírgula... Assim,
Penso que no último post toquei na questão da escrita quando esclareci o sabor que as palavras têm para mim. É claro que não me referia só a escrita, mas ela, particularmente, me atrai. Engraçado... quando estava estudando para me formar fonoaudióloga ouvi duras críticas à cartilha "Caminho Suave" (que utilizei na pré-escola) e outras cartilhas; críticas que apontavam para a falha da criança na alfabetização por meio dos métodos tradicionais, ou melhor, críticas que apontavam para a falha dos métodos tradicionais na alfabetização da criança. Embora tenha dito que utilizei a cartilha Caminho Suave não foi com ela que me alfabetizei e garanto que não tive qualquer problema na aquisição da linguagem escrita, ainda que esta tenha ocorrido exatamente pelo modo tradicional. Mas imagino ter uma explicação para isso. Quer dizer, nem toda criança alfabetizada pelo método tradicional vai ter problemas de escrita (aliás, conheço muitas que não tiveram...), mas eu diria que eu tenho um vínculo afetivo muito maior e a escrita é tão importante para mim porque quem me ensinou a ler é uma pessoa muito mais que especial! Uma pessoa 54 anos mais velha que eu. Uma pessoa que, sequer, pôde estudar muito além do nível de alfabetização... Falo da minha avó!
Dona Ana, casada com o Sr. Uilter... Teve três filhos e, do modo que pôde, ensinou-lhes a ler. Guardou a cartilha (que imagino ter sido comprada com certo esforço) quando os filhos já estavam alfabetizados. Os filhos cresceram, estudaram, formaram-se, casaram-se e aí vieram os netos... uma "escadinha": a primeira em 1978, a segunda em 1979, a terceira em 1980, o quarto em 1981, a quinta (eu) em 1983 e a sexta em 1986. Todos (ou quase todos), alfabetizados pela mesma cartilha com que os pais tinham aprendido a ler... todos (ou quase), alfabetizados pela mesma mulher de pouco estudo... Olha que especial! Quer vínculo mais forte do que esse? Quer relação mais especial do que esta? Fico pensando como ela deve se sentir vendo o rumo que a vida dos filhos e agora a dos netos tomou (e está tomando)... Quer dizer, não sei se ela pensa nisso ou se ela tem essa noção, mas acredito que ela é a grande responsável pela paixão que eu tenho pelas palavras.
E, então, às vezes eu me pergunto, por que eu escrevo? Será que é para extravasar toda essa paixão? Eu diria que é muito mais do que isso... Quando falamos, muitas vezes, a palavra se perde... E isso pode ser por muitos motivos, mas penso que o principal é porque as pessoas não sabem escutar (vejam bem, eu disse escutar, e não ouvir). Acho que é por isso que presto tanta atenção ao que os outros me dizem, mesmo que seja uma coisa banal (quer dizer, se foi dito é porque, para quem disse, não é tão banal assim...). Mas, se isso acontece com a fala, o mesmo eu não posso dizer da escrita! O escrito é eterno! Olha que profundo isso, não? "O escrito é eterno".
Quer dizer, tudo muda, inclusive a convicção do escritor sobre o que já escreveu, mas o escrito continua lá, confirmando o dito ou apontando um equívoco.
Bem, então, por que eu escrevo? Penso que escrevo porque escrever me faz ser alguém, me faz mais humana. Escrevo porque a escrita me livra daquilo que me oprime, daquilo que é difícil, daquilo que não cabe mais em mim.
Mas, escrever tem certas regras (muitas, eu diria)... Estou tentando não seguir mais todas as regras. Estou tentando dar um pouco mais de emoção à minha vida. E, por isso, esse post não terminará com um ponto. Não quero obedecer esta regra. Ele vai terminar com uma vírgula... Assim,
5 comentários:
Vc terminou com uma vírgula! rsrs
sem o q dizer no momento! rs
Sim, sim... eu tbm aprendi a ler com essa famosa cartilha e sim, sim... eu tbm aprendi a ler com a Vó Ana! Uhuuuuuuuuu. Vira e mexe ela comenta sobre isso.
É, vc deve ser COMPLETAMENTE APAIXONADA por escritas, leituras e afins. Haja pensamento, haja imaginação.
Bjos!
Evelin,
Que sorte sua ter uma avó assim, e sua paixão pela escrita é entusiasmante. Bom nunca quis que as pessoas soubessem o que sentia ou pensava, por isto não deixo coisas registradas sobre mim, como disse as escritas são eternas, até que não si apaguem né hihihhihih. Bendito este dom da escrita q vc tem, q Deus continue ti abençoando.
E isto ai bule as regras da escrita, pq kda um escreve a sua história, bjo
Que fofa sua Vó... Sobre a cartilha Caminho Suave, está vendendo muito lá na loja, as mães encomendam a cartilha para usá-la como material auxiliar na educação dos filhos, sabia? Hoje, as escolas não usam mais, e muitas clientes de escolas particulares compram. Se o ensino era ruim antes, imaginem agora! A maioria dos adolescentes que aparecem na livraria só compram os livros exigidos para o vestibular. A leitura, no Brasil, pelo menos, não é um hábito comum.
Infelizmente eu não aprendi a ler com essa cartilha..., mas assim como vc, também fui alfabetizada por uma pessoa muito especial pra mim (embora nem sempre tão paciente!) meu pai!
carrego comigo um sentimento muito forte dessa época e, até hoje ele vive me ''socorrendo''(mas de outras formas).
Ah... e só vc mesmo pra terminar o parágrafo com uma vírgula, hein??? ADOREI!!!! vou fazer igual,
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