segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Sobre o sabor

Era uma vez uma menina dos cabelos de milho e olhos de fubeca. Ela era, desde muito pequena, determinada e decidida, e queria abraçar o mundo! Gostava de liderar, era criativa e bem quista por muitos. Gostava de ler antes mesmo de saber ler... Todas as noites, com um livro nas mãos, fingia ler histórias para a irmã... Decorava, de tanto ouvir, histórias em quadrinhos e sabia, exatamente, o que estava escrito em cada balão.
Era apaixonada por palavras. Conseguia sentir o sabor delas... como se fossem ingredientes de um grande prato! Imaginava que quando crescesse iria escrever! Dizia ao pai que faria parte da Academia Brasileira de Letras (rsrs)! Dizia também que queria ser médica, pois queria cuidar das pessoas. Ela tinha mesmo muitos sonhos.
Quando aprendeu a ler, começou a devorar os livros das irmãs... Não eram livros para ela, a caçula da família, mas, ainda assim, ela gostava. Adorava quando a escola pedia uma leitura - e, provavelmente, era a única da sala que gostava.
Aí, ela começou a escrever... Primeiro, historinhas que assistia na TV cultura. Depois, quando cresceu um pouco mais, decidiu que escreveria um livro. E assim fez: ele teve 22 capítulos. Dois anos depois, jogou o livro fora, porque achou que era ingênuo demais (se arrependimento matasse, hoje ela estaria morta por isso!). Mais tarde, escreveu poemas e, de repente, parou de escrever...
De repente, a menina mudou! Passou a ser mais séria, mais "certinha" e, talvez, mais chata... Afinal, não se permitia errar. E, sabemos, erros fazem parte do aprendizado! Ela não podia ser boa... Tinha que ser a melhor! E começou a se cobrar muito! E foi deixando de viver assim... naturalmente. Apesar disso, a menina dos olhos de fubeca e dos cabelos de milho continuou a estudar e continuava com o paladar apurado... ainda sentia o sabor das palavras e tinha, dentro dela, o gosto pela vida, pelo novo, pelo desconhecido! Nesse tempo, que durou alguns anos, ela se formou e, diferentemente do que dizia ao pai, não quis mais ser médica... Virou fonoaudióloga porque queria que aqueles que sofressem com as palavras pudessem sentir o mesmo sabor que ela! Depois, não satisfeita com isso, virou lingüista. Queria que todos saboreassem com ela o sabor das palavras!
Mas, um dia, ela se cansou da vida que levava! Ela queria mais! Não bastava ser a boa filha, a boa profissional, a menina responsável... Ela queria, como sempre quis, abraçar o mundo! Quebrou vínculos, desatou nós e enfrentou todos com a coragem que só aqueles que sentem muito prazer em viver poderia fazer! E ela sofreu... Mas sabia que tudo era só uma fase e que esse sofrimento iria passar! Na verdade, ela voltou a ser o que sempre fora: determinada e decidida! E, ainda que muitos não conseguissem entender isso, ela, de verdade, não se importava. Ela queria só estar bem com ela mesma! Ela só queria ser feliz!
E, apesar da história começar com "era uma vez", gênero de escrita dos contos de fadas que, invariavelmente, termina com "e foi (ou foram) feliz (es) para sempre", essa história não termina assim, porque ainda não terminou e, mesmo que eu quisesse escrevê-la com um final, poderia mudar, já que a chef deste banquete sou eu... Saboreiem essas palavras!

6 comentários:

Rodrigo Duarte disse...

só há um momento pra arriscar... só há um momento pra deixar a sanidade de lado... e só um momento pra tentar ser feliz... esse momento é agora!
Da mesma maneira que saboreei suas palavras, saboreie a vida! Como vc disse, estou sendo doidinho agora... espero te contaminar!
bjo

Unknown disse...

U-lálá...!vc escreve bem mesmo...pode acreditar...e da mesma maneira e com a mesma paixão,lindinha escreva o maravilhoso livro da sua vida, saboreando cada letra com prazer sem medo de errar e com a certeza de ser a estória (e por que não história) mais bela e apaixonante que se tenha ouvido falar!
Bjocas

Anônimo disse...

Olá querida Evelin!
Finalmente estréio em seu blog. E como não poderia te reconhecer nele? Reconhecer a menina dos olhos de fubeca, a sempre "certinha", aquela que nos faz rir, e que, por incrível que nos pareça, também é capaz de nos surpreender. Não são as suas qualidades que me supreendem, nem seu belo, sensível e emocionante texto. O que me deixa surpresa e feliz é que vc se permitiu mudar, voltou a acreditar em si mesma, se apaixonou por vc e pela vida, isso não é lindo?!
Ah, que interessante seu outro texto sobre mudanças, qustionamentos... O problema é qdo essas perguntas se tornam muito frequentes, como no meu caso, vc corre o risco de ter uma vida emocionante demais, confusa demais...
Bem , é isso. Acho que escrevi demais, mas acho que palavras não são problema para vc, não é?!

Te adoro muito!

PS: Qdo sai o livro?

Unknown disse...

Ameiiii Tesseeerrr, como me encontro na suas palavras!!! Estou saboreandooo a VIDAAA e tenho que admitir que está uma delícia...rs. Desejo o mesmo pra você! A vida é o que VOCÊ quiser!!!S.A.B.O.R.E.I.E :)

Amanda disse...

oi querida!!!

Nossa!... como me ''vi'' nesse seu texto..., parece até q fiz uma rápida ''volta ao passado''...
me lembro perfeitamente dessa menininha q adorava ler (vivia com gibis nas mãos!)e queria ser médica... esse seu ''gosto'' por cuidar dos outros vem desde a infância, afinal vc sempre queria ser a ''mãe'' nas nossas brincadeiras, lembra????
Bom... AMEEEEEEEEEI!!! seu blog...
sucesso pra vc sempre!!!

Isa disse...

Evelin,
Realmente esta expresso seu amor pelas palavras, você conseguiu contagiar com certeza todos os leitores,todos passaram a sentir o sabor das palavras, e saborear mais a vida. Neste sopão que é o mundo, cada um escolhe o seu sabor, alguns optam por jiló ou o mundo lhe propõe, outros optam por miojo, mas o tempero quem sempre escolhe somos nós, .....bjo