Eu o vi pela primeira vez numa noite de julho. Estava na garagem da minha casa e, apesar de ainda não me conhecer, veio me recepcionar. Como se ele fosse o dono da casa e eu a visita. Ninguém sabia ainda, mas era exatamente isso que se passava na sua cabeça. Achei-o pequeno e com ar inocente. Chamei minha mãe para vê-lo e ela disse que já o tinha visto naquela tarde. Acrescentou que não era para eu ficar agradando "aquele bicho" porque, do contrário, ele não iria mais embora. Colocamos o gato pra fora do portão e entramos na casa. Da janela da sala eu podia vê-lo acompanhando as pessoas que passavam. Ele parecia estar perdido ou, então, procurando por um novo dono.
No dia seguinte, ao acordar, me levantei com minha mãe informando que o gato estava dormindo na floreira e, novamente, me advertiu que ele não deveria ser agradado para que ele fosse embora. Concordei. Doía pensar nos gatos que eu já tinha tido e na maneira como eles me deixaram. Achei que seria, para dizer o mínimo, cauteloso de minha parte que não deixasse meu coração se apaixonar novamente por um bichano.
Saí para trabalhar e retornei pouco depois do horário do almoço. O gato ainda estava lá, dormindo. As 16 horas, minha mãe começou a se preocupar, pois o gato, ainda que não tivesse recebido carinho, se recusava a ir embora. Quando percebeu que estava sendo observado, levantou-se e veio ao nosso encontro. Rapidamente, minha mãe o pegou e passou-o pelas grades do portão, oferecendo-lhe a rua. Mas o gato tinha outros planos e, tão rápido quanto fora posto para fora, passou pelas grades novamente e entrou em nosso quintal.
Penalizada porque ele não havia comido nada desde a manhã, minha mãe acabou servindo-lhe um pouco de sardinha. Foi um banquete. E não é necessário muito esforço para imaginar que aquela atitude de minha mãe fez com que o gato decidisse mesmo ficar. E foi essa mesma atitude que me deu sinal verde para acariciar aquela bolinha de pêlos!
Como o gato dormia o dia todo e boa parte da noite também, demorou uns três dias para que meu pai - que odeia gatos - descobrisse que tínhamos um novo membro na família. E, quando descobriu, não adiantou esbravejar... o gatinho já tinha nos conquistado! O que nem imaginávamos é que, não muito tempo depois, ele conquistaria meu pai também!
Decidimos que ele, por ter uma mancha preta acima da boca, como se fosse um bigode - de gaúcho ou de português - se chamaria Felipão, homenagem ao técnico de futebol que, além de gaúcho, estava trabalhando com a seleção de Portugal.
Felipão mostrou-se, desde o início, um gato amável, extremamente bonzinho e carinhoso. Como todo gatinho, era também travesso! No seu primeiro Natal conosco, brincava com as bolas da árvore e, depois disso, ganhou uma coleção de bolinhas de borracha. Tinha o péssimo hábito de afiar as garras no sofá e, não contente com isso, por vezes escalava a cortina da sala. Mas, era também, um gato desprovido de instinto felino: caía do muro e, pior, não se virava durante a queda para que caísse em pé! Era tão bobinho que deixou, certo dia, alguma criança malcriada e sem noção cortar-lhe os bigodes!
Gostava de me acordar. Quando minha mãe descuidava, ele subia as escadas e ia miar na porta do meu quarto! Não importava onde eu estava, ele queria estar junto... Quando eu chegava do trabalho, mesmo que eu não fizesse o menor barulho, ele sabia que eu tinha chegado e corria para me receber. Era um gato com alguns comportamentos caninos.
Felipão não era um gato maldoso... Não arranhava e não mordia, mesmo quando muito provocado. Gostava de carinho, gostava de ser mimado.
Quando fui chamada para trabalhar no interior de São Paulo e passava a semana toda fora, vindo para casa somente às sextas-feiras a noite, Felipão fez greve de fome. Assim... decidiu parar de comer. Ficou debilitado. Precisou ser internado. Mas o danado só saiu da greve depois que eu me demiti. Foram dias difíceis para nós dois. E eu não me arrependo do que fiz.
Esse gatinho, que escolheu a casa em que queria morar e "bateu o pé" para ficar ali, dividiu comigo dois anos e meio da sua vidinha. Encheu a minha vida de alegria e me fez ver o mundo com mais cor. Me ensinou que, por amor, vale tudo e que tudo tem mais graça quando se ama e se é amado. Nós éramos assim... Era um amor silencioso, mas fortemente presente.
Ele me deixou há dois meses. Não sei, ao certo, o que lhe aconteceu. Na verdade, não quero pensar nisso. Quero ficar com as lembranças dos maravilhosos momentos que tivemos. Mas é triste não escutar o miadinho na porta. É triste não ver novos arranhados no sofá ou novos desfiados na cortina da sala. É triste não ver a caminha dele no lugar ou a coleção de bolinhas espalhadas pela casa. Mais triste ainda é encontrar um ou outro pêlo numa roupa e saber que não haverá novos pêlos para eu ter que escovar... Ele me faz muita falta!
No dia seguinte, ao acordar, me levantei com minha mãe informando que o gato estava dormindo na floreira e, novamente, me advertiu que ele não deveria ser agradado para que ele fosse embora. Concordei. Doía pensar nos gatos que eu já tinha tido e na maneira como eles me deixaram. Achei que seria, para dizer o mínimo, cauteloso de minha parte que não deixasse meu coração se apaixonar novamente por um bichano.
Saí para trabalhar e retornei pouco depois do horário do almoço. O gato ainda estava lá, dormindo. As 16 horas, minha mãe começou a se preocupar, pois o gato, ainda que não tivesse recebido carinho, se recusava a ir embora. Quando percebeu que estava sendo observado, levantou-se e veio ao nosso encontro. Rapidamente, minha mãe o pegou e passou-o pelas grades do portão, oferecendo-lhe a rua. Mas o gato tinha outros planos e, tão rápido quanto fora posto para fora, passou pelas grades novamente e entrou em nosso quintal.
Penalizada porque ele não havia comido nada desde a manhã, minha mãe acabou servindo-lhe um pouco de sardinha. Foi um banquete. E não é necessário muito esforço para imaginar que aquela atitude de minha mãe fez com que o gato decidisse mesmo ficar. E foi essa mesma atitude que me deu sinal verde para acariciar aquela bolinha de pêlos!
Como o gato dormia o dia todo e boa parte da noite também, demorou uns três dias para que meu pai - que odeia gatos - descobrisse que tínhamos um novo membro na família. E, quando descobriu, não adiantou esbravejar... o gatinho já tinha nos conquistado! O que nem imaginávamos é que, não muito tempo depois, ele conquistaria meu pai também!
Decidimos que ele, por ter uma mancha preta acima da boca, como se fosse um bigode - de gaúcho ou de português - se chamaria Felipão, homenagem ao técnico de futebol que, além de gaúcho, estava trabalhando com a seleção de Portugal.
Felipão mostrou-se, desde o início, um gato amável, extremamente bonzinho e carinhoso. Como todo gatinho, era também travesso! No seu primeiro Natal conosco, brincava com as bolas da árvore e, depois disso, ganhou uma coleção de bolinhas de borracha. Tinha o péssimo hábito de afiar as garras no sofá e, não contente com isso, por vezes escalava a cortina da sala. Mas, era também, um gato desprovido de instinto felino: caía do muro e, pior, não se virava durante a queda para que caísse em pé! Era tão bobinho que deixou, certo dia, alguma criança malcriada e sem noção cortar-lhe os bigodes!
Gostava de me acordar. Quando minha mãe descuidava, ele subia as escadas e ia miar na porta do meu quarto! Não importava onde eu estava, ele queria estar junto... Quando eu chegava do trabalho, mesmo que eu não fizesse o menor barulho, ele sabia que eu tinha chegado e corria para me receber. Era um gato com alguns comportamentos caninos.
Felipão não era um gato maldoso... Não arranhava e não mordia, mesmo quando muito provocado. Gostava de carinho, gostava de ser mimado.
Quando fui chamada para trabalhar no interior de São Paulo e passava a semana toda fora, vindo para casa somente às sextas-feiras a noite, Felipão fez greve de fome. Assim... decidiu parar de comer. Ficou debilitado. Precisou ser internado. Mas o danado só saiu da greve depois que eu me demiti. Foram dias difíceis para nós dois. E eu não me arrependo do que fiz.
Esse gatinho, que escolheu a casa em que queria morar e "bateu o pé" para ficar ali, dividiu comigo dois anos e meio da sua vidinha. Encheu a minha vida de alegria e me fez ver o mundo com mais cor. Me ensinou que, por amor, vale tudo e que tudo tem mais graça quando se ama e se é amado. Nós éramos assim... Era um amor silencioso, mas fortemente presente.
Ele me deixou há dois meses. Não sei, ao certo, o que lhe aconteceu. Na verdade, não quero pensar nisso. Quero ficar com as lembranças dos maravilhosos momentos que tivemos. Mas é triste não escutar o miadinho na porta. É triste não ver novos arranhados no sofá ou novos desfiados na cortina da sala. É triste não ver a caminha dele no lugar ou a coleção de bolinhas espalhadas pela casa. Mais triste ainda é encontrar um ou outro pêlo numa roupa e saber que não haverá novos pêlos para eu ter que escovar... Ele me faz muita falta!
5 comentários:
Pelo que eu tenho aprendido a vida é cheia dessas... amores que vem e amores que vão.. o importante é o que fica de cada um deles dentro da gente que são as experiencias e as lembranças...como vc escreveu aquelele gato obeso tem várias marcas na sua vida e nas suas lembranças por isso guarde cada uma delas com muito carinho e se prepare prea pra amar muito mais o próximo gato obeso ou não que aparecer...por aqui, no Canadá ou na França Beijocas boneca ...!!!
(OBS: MIAU!!!) ;)
Felipãooo, Felipoteee!!! Lindooooo! Mas a vida é mesmo assim, cheia se surpresas, cheia de idas e voltas, encontros e desencontros...chegadas e partidas...e nem me fale em partida sua doida que não está "afetada" com isso AINDA.rs. Já estou com SAUDADESSS!!!!
Com vocês (rs), Maria Rita =)
Todos os dias é um vai-e-vem
A vida se repete na estação
Tem gente que chega pra ficar
Tem gente que vai pra nunca mais
Tem gente que vem e quer voltar
Tem gente que vai e quer ficar
Tem gente que veio só olhar
Tem gente a sorrir e a chorar
E assim, chegar e partir
São só dois lados
Da mesma viagem
O trem que chega
É o mesmo trem da partida
A hora do encontro
É também de despedida
A plataforma dessa estação
É a vida desse meu lugar
É a vida desse meu lugar
É a vida
Bjãooooooo AMIGA!
Oi Evelin, quando for lançar seu livro de crônicas me convide para a sessão de autógrafos. À bientôt!
aiin ki linda sua historia com esse gato, (detalhe: nem vou escrever muito pq num gosto de gatos)..mais mto fofa sua historia de carinho com o bichano..pena ki vc naum soube o final dele né! espero ki ele esteja muito bem onde ele estiver...
Impossível esquecer o Felipote!!! Um gato tão bonzinho. Não se zangou nem quando a Isabella "deu uma de Felícia"... vou te apertar, apertar até os seus olhos esbugalhar!!!! Huahuhauhauhauahuhauhauhauhauhuahuhauhauhhuahauhahuauhhauhua.
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