quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Minha história de amor com o... CANADA

Meu nome é Evelin Tesser, tenho 28 anos, casada. Sou paulistana, brasileira, tenho RG, CPF, carteira de trabalho e passaporte. Sou fonoaudióloga, Mestre em Linguística e Doutoranda também em Linguística. Tenho conta em dois bancos e um ótimo histórico de crédito. Tenho um plano de saúde que utilizo só para fazer consultas e exames de rotina (ainda bem!). Esse é o meu discurso no Brasil.
No Canadá, o discurso é bem diferente: Meu nome é Evelin Tesser, tenho 28 anos, casada. Sou brasileira, mas moro em Montréal há menos de seis meses. Não tenho documento (à exceção do passaporte brasileiro), profissão, conta em banco e nem plano de saúde.
Ainda assim, eu preferi arriscar a vida no Canadá. É claro que em breve terei meus documentos canadenses e minha conta no banco. Mas vai demorar um pouquinho ainda para conseguir exercer minha profissão lá, o que significa que vou ter que trabalhar no que aparecer...
Se a vida de um imigrante recém chegado não é nada fácil, por que eu troquei o conforto da vida que eu levava no Brasil por essa outra mais dura? Bem, os motivos são vários.
Quando eu fui à Montréal pela primeira vez, eu me apaixonei pela cidade. A segurança do lugar me deixou encantada!! Eu nunca fui assaltada no Brasil, mas sempre fui muito precavida, nunca abusei da sorte. Diferentemente, em Montréal, eu voltava pra casa sozinha, de metrô e ônibus, depois de uma balada, na madrugada, e eu sabia que ia chegar bem em casa, que ninguém ia me perturbar na rua. Além disso, quando eu ia para as aulas de francês, minha carteira ficava no bolso mais externo da mochila, porque era mais fácil pra eu pegar. E eu estava segura de que ninguém ia tentar abrir minha mochila pra pegar minha carteira. E, de fato, nunca ninguém tentou.
A segunda coisa que me chamou a atenção, tinha a ver com a minha profissão. Falta profissionais da saúde lá. E os salários não são ridículos como os salários do Brasil. É claro que eu não pretendo ficar rica, porque eu sei que isso não vai acontecer mas, se eu conseguir exercer minha profissão lá (e vou fazer o possível pra que isso aconteça!) vou trabalhar muito menos do que os fonoaudiólogos costumam trabalhar no Brasil para terem um salário decente e vou conseguir um salário ainda melhor.
O terceiro e decisivo motivo tem a ver com o fato do meu marido (na época do início do processo, namorado) já ser residente canadense.
Esses foram os fatores que me fizeram mudar de país, mas há mais coisas que me incomodam no Brasil. Na verdade, o que mais me incomoda é a falta de educação das pessoas. É a falta de gentileza. É o "jeitinho" que o brasileiro dá pra tudo. É o egoísmo. O brasileiro é famoso por sua simpatia, mas também é pela sua malandragem. É por isso que eu não sinto falta do Brasil. Sinto falta de algumas pessoas, óbvio, mas não do país. Não sinto falta do trânsito maluco e das pessoas que não se respeitam. Não sinto falta da burocracia exagerada, da corrupção praticamente declarada e do povo de mãos atadas pela falta de informação.
O Canadá é melhor? Em muitos aspectos sim! Mas, verdade seja dita, não em todos. Não é melhor na saúde, por exemplo. Nem no clima - aí é opinião pessoal, porque eu AMO calor! Mas todo o resto compensa.
Imigrar não é pra qualquer um. Tem que ter desprendimento. Tem que ter coragem. Tem que estar preparado pra trabalhar, estudar e resolver todos os problemas do dia-a-dia numa língua que não é a sua. As vezes, bate um desespero.
Se eu pretendo voltar um dia? Na verdade não pretendo, mas também não descarto. Afinal, sou brasileira, como quase todo mundo que está lendo esse post e, por isso, tenho esse direito. Também não descarto viver no México. Há três anos eu não poderia imaginar que minha vida seria assim hoje. Então, quem pode garantir o futuro?

4 comentários:

Rodrigo disse...

Em 2008 estudei com uma Evelin muito diferente da que escreveu esse post. Ela não tinha vontade nenhuma de sair do Brasil, nem que fosse só por 6 meses ou um ano pra uma bolsa sanduíche. Ela estava cômoda onde estava, em vários setores da vida. Participei dessa transformação, e hoje olho feliz por ler algo assim como esse post: destemido, sem certezas, sem zonas de conforto. Continua odiando inglês, cavalos e frio, mas continua tendo um brilho próprio, iluminando as vidas pelas quais passa, e crescendo como pessoa. Bjo, e até Montréal.

Li Arruda disse...

Evelin, li sua história e amei! Muito linda, e bem agitada, rsrs.
O resultado ainda não saiu, mas vc tem grandes chances!
Tem uma TAG pra vc lá no meu blog:
http://www.agorasimcasada.com/2011/12/tag-lista-de-desejos-para-o-natal.html

Beijos

Unknown disse...

Olá Evelin! Sou estudante de fonoaudiologia, e estou procurando ajuda no assunto: Fonoaudiologia no Canadá. Bom, quero muito estudar fora e morar um dia no Canadá, e gostaria de saber mais sobre a profissão no país, porém é difícil encontrar textos que expliquem como faz para exercer a profissão. Você teria como ajudar? Abraços.

Evelin Tesser disse...

Oi Silvia, tudo bem? O Canadá é enorme e cada província tem suas regras para exercer a profissão de fonoaudiólogo. Você já pensou para qual província vc gostaria de ir? a província onde eu moro é a francesa, então saber francês é fundamental! Se souber francês e inglês, melhor ainda! Me diz para qual província vc quer ir e tentarei te ajudar! Meu e-mail é evelintesser@gmail.com. Um abraço!