sexta-feira, 2 de julho de 2010

Bagunça

Primeiro uma vertiginosa vertigem. Tudo roda. Tudo parece fora de lugar. Ei... cadê aquela certeza que estava aqui? Ah, sim, com tudo rodando, foi parar do outro lado! Agora, em meio a toda tontura, preciso procurar tudo o que ficou fora de lugar... Encontro quase tudo de imediato. É bom saber que não trato os meus valores com o mesmo descaso que trato a minha casa. Eles ficam todos em ordem. Assim é mais fácil procurá-los. Falta encontrar a paz de espírito, a esperança e a confiança. Têm de estar em algum lugar aqui perto. Mas a visão está um pouco desfocada e fica difícil procurar as coisas assim!
Aí encontro os sonhos. Sim, faltava os sonhos e eu não havia me dado conta! Como pude me esquecer deles? Pego-os com cuidado e, antes de colocá-los no lugar, dou uma cuidadosa olhadela. Ali estão todos os meus sonhos. Os que já tive, os que tenho e os que ainda terei. Por algum motivo que me escapa à compreensão, sou incapaz de ler os sonhos futuros. Mas leio os sonhos passados e rio da minha ingenuidade. Leio os sonhos de agora. E percebo que são grandes e difíceis. Mas não impossíveis. Nunca tive medo de arregaçar as mangas e trabalhar. Então penso que é bobagem pensar nas dificuldades. Não tenho medo delas. Fecho cuidadosamente o livro dos sonhos e, antes de colocá-lo no lugar, me deparo com uma caixinha.
Deixo o livro de lado e vou, curiosa como sempre, ver o que tem naquela minha caixinha. Abro só um pouquinho, mas o suficiente para que meus olhos já se encham de lágrimas. Procuro minha cama para esconder embaixo dela aquela caixinha, mas agora me encontro num cômodo sem móveis. Só eu e minhas coisas mais íntimas. Abro novamente a caixinha e alí estão todas as dores que causei aos outros e aquelas que causo a mim mesma. E me dou conta de como tenho sido dura! Aí penso ser melhor não esconder a caixinha. Penso que o melhor a fazer é tirar cada mágoa dali e tentar transformá-las em qualquer coisa que não seja feia o suficiente pra ficar escondida numa caixa.
Olho prum canto e vejo toda encolhida alí a confiança. Não me lembrava dela ser pequena daquele jeito... E anoto no bloquinho da minha memória que preciso alimentá-la melhor! Sem querer, chuto um potinho e deixo derramar uma certa quantidade do pó que havia lá dentro. Pego o pote e leio o rótulo: ESPERANÇA. "Que ótimo", penso comigo mesma, "lá se foi um pouco de esperança". Anoto no meu bloquinho que preciso pensar numa maneira de multiplicar a esperança. Mas mais tarde... Agora era preciso terminar de pôr ordem nas coisas. Faltava bem pouco. Mas demorei muito até me dar conta de que a paz de espírito eu não iria encontrar alí. Ela estava em mim. E quando me dei conta disso, passei a senti-la mais forte.
Então a vertigem passou. Olhei em volta e aprovei a nova arrumação do cômodo. Uma última anotação no bloquinho: detesto essa necessidade de escrever!

2 comentários:

Camila disse...

o que se passa? ..rs...confiança, sonhos...esperança...?
Amiga, eu tô com "quanta" (muita) saudade como diria minha priminha Ana Carolina =) OBS.: Adorei o post ;) ..por sinal me fez refletir também o momento que estou passando...as x nem percebemos como algumas coisas são importantes e como é realmente importante saber pra onde estamos caminhando...é o que queremos? (metas..sonhos) é sim possível!!! (confiança, esperança)...etc...talvez tenha "viajado" rs...mas pensei em muita coisa enquanto lia =) Beijosssssssssssss e cuide-se, *saudade*

Camila disse...

hoje reli o post, tudo de bom :), adoro esse!